Esta noite


Gustav Klimt



Gostava de ainda saber escrever, e assim ter as palavras para dizer o que sinto. Ou ainda encontrar em mim o tempo para pintar, e numa tela pequenina conseguir condensar todas as cores em que te vejo. Queria encontrar uma forma, entre todas as que perdi, de te dizer outra vez que te amo, sem palavras, da forma mais bonita. Não consigo.

Há muitos anos perdi-me de ti. Perdeste-me. Perderam-nos. Perdemo-nos.

Tanta dor e tanta lágrima me levou mundo abaixo que acabei por negar o coração. E não sabia. Achei que estava magoado, só, que depois passava, e até me esqueci de onde tudo tinha começado, mas não. Foste o maior amor e a tua perda levou-o.

Procurei-te. Sempre. Tanto. Ninguém sabia de ti. A partir de certa altura, ainda que me tivesse cruzado contigo (eram metros e auto-estradas e bares e tanto sítio... como nunca te encontrei?!!) não seria capaz de te ver, tal era o sal que me cegava.

Quando quase me tinha esquecido, é quem nos separou que nos junta (acaso, ironia, desconcerto?) e agora estou assim. Tola. Louca. Sem sentido. Feliz.

A tua mão na minha, pequena e quente, os teus olhos tão cheios de carinho... Como passaram tantos anos? E como sobrevivi?

Beija-me. Outra e outra vez. Beija-me os olhos, as mãos, a boca. Beija-me o ventre.

Louca.

Tantas saudades a matar, tanta coisa para contar que não sai, nem vai lembrar, mas que não concebo que não saibas. E sabes. Sabes tudo. Só há coisas que não queremos ver, muito pouco que não saibamos. E tu sabes. Conheces-me por todos os lados, de todos os lados, em todos os lados.

Dou-te-me.



2 comments:

Anonymous said...

esta noite fiz o que tu me pediste
comoves-me

adoro-te

FATifer said...

... que saudades de ler algo por aqui...

beijinho,
FATifer